quarta-feira, 19 de maio de 2010

linhas do horizonte - Bernardo de Passos




AMBICIOSA

À Beira-Mar

Noivam por esse espaço, aos bandos, as gaivotas,
Despertando na alma alegrias ignotas;
E a névoa da manhã, como um véu transparente
Envolve o mar e a praia cariciosamente...
A estrela d'alva brilha, através da neblina,
Como a luz d'um altar, velado a gaze fina,
E o mar, feliz, brutal, sob o lençol da bruma,
Leva aos seios da praia os lábios em espuma...
O mar é generoso, e por isso a praia o ama...
Despojos e riqueza, embora ronco brama,
Tudo oferece à esbelta e tentadora amante,
Que o colo nu lhe estende aos braços, palpitante...
Agora ostenta ela um soberbo colar
De brilhantes, rubis e pérolas sem par...

Eu tenho inveja ao mar, que além d'amor desmaia...
Dize-me: Tu não tens, também, inveja à praia?

quinta-feira, 13 de maio de 2010

linhas de cascais - Vasco Graça Moura


E foi assim que, três dias depois, eu estava sentado a uma mesa, numa sala com vistas para o mar, a almoçar numa casa perto de Cascais, com uma mulher que vestia casaco de tweed e botas de montar. Teria cinquenta e tantos anos, o cabelo era de um louro acinzentado, os olhos de um cinzento esverdeado, e devia ter sido lindíssima.
Naufrágio de Sepúlveda. Lisboa, Quetzal, 1988, pp. 79-80.
 
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